Nova York. O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) abriu ontem uma investigação sobre a ofensiva militar israelense em Gaza para avaliar a suspeita de que houve crimes de guerra no território palestino.
A operação do Exército do Estado judaico começou na última quinta (17), deixou mais de 600 palestinos mortos e mais de 4.000 feridos. Outros três civis e 32 militares israelenses morreram durante as ações.
A investigação foi aprovada por 29 dos 47 países que participaram da votação, dentre eles Brasil, Rússia, China e Índia. Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, votaram contra e 17 países, em sua maioria europeus, se abstiveram.
Antes da votação, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu a investigação baseando-se em ataques cometidos por Israel em Gaza e outras ações do grupo radical palestino Hamas contra áreas civis.
Dentre os exemplos, citou a destruição de casas e escolas e a morte de mais de cem crianças na faixa de Gaza. "Estes são alguns exemplos em que parece haver forte possibilidade de que o direito internacional humanitário tenha sido violado, o que pode constituir crimes de guerra", disse Pillay.
O ministro das Relações Exteriores palestino, Riad Malki, disse que Israel cometeu crimes hediondos. "Israel destrói completamente bairros residenciais. O que Israel faz viola as convenções de Genebra".
Em nota após a decisão, Israel chamou de "farsa" a decisão do conselho, diz ter adotado medidas para não prejudicar os civis palestinos e acusa o Hamas de ter cometido um duplo crime de guerra.
"O Conselho deveria lançar uma investigação contra a decisão do Hamas de transformar hospitais em centros de comando militar, usar escolas para armazenar armas e colocar baterias de mísseis junto de parques infantis, casas e mesquitas".
Na Jordânia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, descreveu a situação em Gaza como "catastrófica" e continuou a pedir apoio para que se realize um cessar-fogo na região.
Ontem, continuavam os combates em Gaza e em Israel. Segundo o Exército de Israel, um operário tailandês morreu após ser atingido por um foguete disparado do território palestino em Askhelon.
Até a meia-noite de ontem, 50 foguetes palestinos atingiram o território de Israel. Deles, 36 caíram em solo e outros 12 foram interceptados por baterias antiaéreas. Autoridades palestinas estimavam em 19 os mortos durante os ataques noturnos. Uma ação na região de Shamaa, na cidade de Gaza, deixou ao menos um morto e 30 feridos.
Diante da falta de segurança, a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) emitiu um comunicado proibindo os voos comerciais de companhias americanas para a região. As três empresas americanas que voam para o país, assim como outras 15 europeias, africanas e asiáticas cancelaram os voos para o aeroporto de Ben Gurion, que serve Tel Aviv.
Escolas são alvos frequentes da artilharia israelense. Mais de cem crianças já foram mortas no conflito na Faixa de Gaza
FOTO: REUTERS

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