Brasília. O assessor da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, minimizou as declarações do porta-voz de Israel, Yigal Palmor, que qualificou o Brasil como "um anão diplomático" e lembrou o desempenho da seleção na Copa do Mundo.
Em entrevista ao "Jornal Nacional", Palmor disse que "desproporcional" é perder de 7 a 1, em referência ao jogo entre Brasil e Alemanha, na Copa do Mundo. A mesma palavra havia sido utilizada em nota do Itamaraty sobre o uso da força por Israel contra palestinos.
Questionado ontem sobre as declarações do porta-voz, Garcia afirmou a jornalistas que não iria comentar. "Ele é um sub do sub do sub do sub do sub do sub", disse. Perguntado se as declarações foram deselegantes, afirmou: "Não sou especialista em elegância".
Ao falar sobre como o Planalto via o episódio, ironizou: "Eu não sei, porque ele (o porta-voz) foi filmado daqui pra cima (indicando o tronco), não dá pra saber a estatura dele".
Em artigo publicado no site "Opera Mundo" na quinta-feira, disse que "é evidente que o governo brasileiro não busca a 'relevância' que a chancelaria israelense tem ganhado nos últimos anos. Menos ainda a 'relevância' militar que está sendo exibida vis-à-vis populações indefesas".
O assessor contra-atacou outra fala do porta-voz da chancelaria israelense. Palmor disse que o Brasil "criava problemas, em vez de contribuir com soluções" ao classificar como "desproporcional" a ofensiva militar de Israel sobre Gaza. Para Garcia, "não é muito difícil entender, igualmente, que está cada dia mais complicado ser 'parte da solução' neste trágico contencioso".
Trégua diplomática
Palmor disse que não esperava uma repercussão tão barulhenta a suas declarações e que queria mostrar ao Brasil como os israelenses se decepcionaram.
"Israelenses sentem amor e admiração pelo Brasil, e agora estão se sentindo machucados e traídos", disse. "Nós esperamos mais do Brasil. Sempre".
O porta-voz descartou a possibilidade de esta crise diplomática afetar as relações econômicas entre os dois países. Para ele, o Brasil tem condições de ter um papel importante na mediação do conflito. "Eu acredito que o Brasil pode ter um papel chave para promover uma reaproximação e se tornar o gigante diplomático que merece ser na nossa região".
Jerusalém aceita 12 horas de trégua
Jerusalém. As esperanças de uma "trégua humanitária" mais extensa entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza foram por terra, depois da confirmação do fracasso das negociações diplomáticas ontem por John Kerry, que, no entanto, deixou a porta aberta para um acordo.
Em declarações no Cairo, o secretário de Estado americano afirmou que "o marco geral" de um cessar-fogo estava estabelecido, mas mencionou dificuldades de "terminologia".
Ele irá hoje a Paris, onde vai se reunir, principalmente, com os chefes das diplomacias da Turquia e do Catar, dois países aliados do Hamas.
Para o ministro egípcio das Relações Exteriores, Sameh Shukri, "nenhuma das duas partes mostrou a vontade necessária para negociar" e acabar com a violência que deixou cerca de 900 mortos, dos quais mais de 800 palestinos, desde o início da operação israelense "Barreira Protetora", no dia 8 de julho.
O anúncio do fracasso já havia sido feito por Israel. Segundo a rede de televisão pública, o gabinete de segurança israelense rejeitou "por unanimidade" a proposta feita por Kerry.
Para uma autoridade americana, Israel aceitou um cessar-fogo de 12 horas na Faixa de Gaza a partir da manhã de hoje (horário local), mas essa informação não foi confirmada por fontes oficiais israelenses. Um dirigente do Hamas disse pouco depois que seu grupo também iria respeitar um cessar-fogo de 12 horas iniciado na manhã de hoje.
Segundo várias autoridades citadas pelas rádios pública e militar israelenses, Israel considera favoráveis demais ao Hamas as propostas de um cessar-fogo mais longo.
Israel descarta qualquer retirada de seus soldados da Faixa de Gaza durante uma trégua para negociações.
Garcia


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