segunda-feira, 21 de julho de 2014

Aprendizagem adequada durante a alfabetização ainda é maior desafio

Apesar de 93% das crianças estarem na escola, maior parte tem dificuldade para ler, escrever e fazer contas.

Universalizar a educação infantil, alfabetizar todas as crianças até o final do 3º ano do ensino fundamental, fomentar a qualidade da educação básica e investir 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação são algumas metas do Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado no último dia 26 de junho, pela presidente Dilma Rousseff. Aprovado com três anos de atraso, o Plano é composto por 20 metas que deverão ser alcançadas nos próximos dez anos (até 2024).
No Ceará, 93% das crianças de 4 e 5 anos estavam na escola em 2012 (239.205) e a meta é atingir 100% até 2016. Apesar da quantidade significativa, superior inclusive à média nacional (82,2%), chama a atenção a má qualidade do ensino, revelada pelos baixos índices de aprendizagem. Levando em conta que uma criança só é considerada alfabetizada quando se apropria da leitura e da escrita como ferramentas essenciais para seguir aprendendo, desenvolvendo a sua capacidade de se expressar e de participar do mundo cultural no qual está inserido, o cenário não é nada animador.

Aprendizado

Em todo o Estado, apenas 42,15% das crianças do 3º ano do ensino fundamental apresentaram aprendizado adequado em leitura. Porém, a situação mais preocupante é a do aprendizado adequado em matemática (18,83%) e em escrita (18,44%), ainda muito aquém do esperado - 100% até 2024. Em relação à média nacional, os índices do Ceará também estão bastante inferiores. O porcentual de todos os estados foi de 44,54% de aprendizado adequado em leitura, 33,33% em matemática e 30,09% em escrita.

Aos 5 anos, Ana Lívia Silva, aluna da Escola Municipal Mozart Pinto, no bairro Jardim América, ainda não sabe fazer contas, mas já se encanta pelo universo da leitura. Ao ser questionada sobre qual era o seu nome completo, de prontidão começou a soletrar letra por letra. "O que eu mais gosto é de conhecer letras", enfatiza. Ela conta que na escola aprendeu a ler histórias. As suas preferidas são da Mônica e sobre duendes.

Já Raíssa Costa da Silva, 5, tem como histórias preferidas as do Saci Pererê. Ela também gosta de desenhar, mas diz que a sua atividade preferida é brincar com os colegas na sala de aula. Apesar de afirmar que gosta de fazer contas, Raíssa confessa que tem dificuldades, mas tem a ajuda do pai em casa. "É difícil. Eu não sei, porque só tenho 5 anos", justifica.
Jacqueline Lucas Costa Lima, professora do Infantil V da Escola Mozart Pinto comenta que geralmente as crianças têm dificuldade de raciocínio e interpretação de texto. Um grande problema que identifica é a falta de diálogo, acompanhamento e estímulo por parte dos pais em casa. "Leitura e interpretação textual é o que mais se batalha na escola, mas não tem continuidade em casa. O professor tem que fazer milagre, pois o que as crianças aprendem é em sala de aula. Em casa, falta estímulo para elas pensarem", ressalta.

Outra crítica que faz é em relação à aprovação progressiva. Trata-se dos alunos que são matriculados de acordo com a idade, e não com nível em que estão. "Isso é muito prejudicial, o professor não tem como dar atenção a um só aluno. A criança do terceiro ano que não sabe ler e nem escrever vai se sentir diminuída porque não consegue acompanhar e vai acabar bagunçando, atrapalhando a aula. E o mais grave, ela vai se desinteressar pelos estudos", alerta.
Inês de Freitas Segundo, coordenadora pedagógica da Escola Mozart Pinto, informa que a Prefeitura de Fortaleza vem há algum tempo fazendo com os professores um trabalho de formação continuada, que acontece mensalmente.

Acrescenta, ainda, que é disponibilizado pelo Governo do Estado todo um material estruturado - o Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic) -, para diferentes faixas etárias e níveis de aprendizado. "Estamos trabalhando nessa linha de embasamento de um material que possa dar suporte à alfabetização para que a criança possa aprender", esclarece.
O observatório do PNE informa também que, no ensino fundamental, a porcentagem de crianças de 6 a 14 anos matriculadas no Ceará em 2012 era de 93,8% (1.290.234), igual à média nacional (93,8%), enquanto os jovens de 16 anos que concluíram o ensino fundamental somavam 139.960 (70%), superando a média dos estados (67,4%).

No ensino médio, eram 445.302 jovens de 15 a 17 anos na escola em 2012 (82,8%) e 297.540 matriculados no ensino médio (55,3%), enquanto a média nacional foi de 81,2% e 54,4%, respectivamente. A partir do PNE, todos os planos estaduais e municipais de educação devem ser criados ou adaptados em consonância com as diretrizes e metas estabelecidas.

Fonte:Diário do Nordeste

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