sexta-feira, 10 de outubro de 2014

OPERAÇÃO LAVA-JATO 60% da propina desviada da Petrobras seguia para agentes políticos, diz Youssef

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Doleiro Alberto Youssef decidiu fazer delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato
FOTO: ARQUIVO
O doleiro Alberto Youssef detalhou como era feita a distribuição da propina paga por empreiteiras para financiar partidos. Segundo ele, 60% da propina desviada da Petrobrasabasteciam agentes políticos. Disse ainda queJoão Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e o lobista Fernando Soares eram operadores do esquema.
"Eram 1% de todos contratos: 30% para doutorPaulo Roberto (Costa, ex-diretor da Petrobras), 60% para agentes políticos, 5% para mim e 5% era para João Claudio Genu(ex-assessor do PP e do deputado José Janene, morto em 2010)", detalhou Youssef.
Antes de Genu, era Janene quem recebia a parte do PP. Ambos já tinham sido condenado no esquema do mensalão. Youssef explicou como era feita a distribuição da propina paga por empreiteiras contratadas pela Petrobras que financiou partidos políticos, entre eles PT, PMDB e PP, alvos da operação Lava-Jato, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, na Justiça Federal de Curitiba.
O doleiro revelou que foi por meio dos operadores do esquema (João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e o lobista Fernando Soares) e das empreiteiras que ele ficou sabendo que todas diretorias da Petrobras tinham esquemas de propina igual ao que ele atuava na diretoria de Abastecimento.
No caso específico da empreiteira Camargo Corrêa, Youssef revelou que sua propina era de 10% sobre todo produto comprado e que repassava comissões para executivos da própria empresa. "Da Camargo Corrêa foi 10%, de cada venda. De outras empresas menos". Questionado pelo magistrado sobre os pagamentos de comissão aos próprios diretores, ele respondeu que estava dentro de seu porcentual.
Cartel de fraude de licitações

O doleiro também listou dez grandes construtoras do País como integrantes de um "cartel" montado para fraudar as licitações da Petrobras por intermédio de Paulo Roberto Costa e pagar propina a políticos do PT, PMDB e do PP. Afirmou ainda que diretores das empresas tinham comissionamento sobre o esquema.
As empresas citadas foram: Camargo Corrêa, OAS, UTC, Odebrecht, Queiroz Galvão, Toyo Setal, Galvão Engenharia, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior e Engevix. Todas elas pagam 1% nos contratos feitos com a diretoria de Abastecimento e de 2% a 5% nos termos aditivos de contratos.
Youssef acusou especificamente a Odebrecht e a Toyo por pagamentos de comissão feitos no exterior. Ele apontou ainda o vice-presidente da Camargo Correa e um diretor por receberem comissão também pelos contratos fraudados.
As empresas citadas já negaram anteriormente qualquer relação comercial com Youssef e negam irregularidades nos contratos.
Lula deu diretoria a Paulo Roberto após pressão de aliados, diz Youssef
Em depoimento prestado à Justiça Federal na quarta-feira (8), o doleiro Alberto Youssef afirmou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi empossado no cargo, em 2004, após o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ceder à pressão de "agentes políticos" ligados ao esquema.
Questionado por seu advogado de defesa se sabia por que um diretor que antecedeu Paulo Roberto na área de Abastecimento havia sido retirado do cargo, Youssef disse: "Para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira de diretor de Abastecimento esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias".
"Na época o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder e realmente empossar o Paulo Roberto Costa", completou o doleiro.
Ainda durante o depoimento, o operador do esquema disse que havia reuniões entre ele, Paulo Roberto Costa, representantes de empreiteiras e "agentes políticos" -Youssef não citou nomes. Essas reuniões, segundo ele, eram registradas em atas.
Costa e Youssef fizeram acordo de delação premiada e prestaram depoimento à Justiça Federal nesta semana. Deflagrada em março pela Polícia Federal, a Operação Lava-Jato descobriu uma ação que movimentou estimados R$ 10 bilhões. Segundo a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da empresa.
No depoimento, Youssef disse também que o esquema de corrupção tinha agentes públicos "mais elevados" que Costa. Tanto Costa como Youssef disseram que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, intermediava os recursos desviados de obras da estatal para o PT. Outras siglas beneficiadas no esquema seriam o PP e o PMDB. 

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