A greve dos servidores do Ministério das Relações Exteriores que começa
nesta terça-feira (12) no Brasil e no exterior tem como principais
reivindicações o pagamento em dia do auxílio-moradia no exterior e os
reajustes salariais de assistentes de chancelaria, diplomatas e oficiais
de chancelaria. Embaixadas e consulados no exterior com fuso horário à
frente do brasileiro, na África, Ásia, Europa e Oceania já iniciaram a
paralisação.
Para avaliar o alcance e a condução do movimento, a presidenta do
Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores
(Sinditamaraty), Sandra Maria Nepomuceno, convocou uma assembleia para
discutir as ações dos grevistas, a continuação da paralisação, além de
apresentar o balanço da reunião de ontem (11) em Brasília entre o
sindicato e o Departamento do Serviço Exterior do Itamaraty.
Outras reivindicações da pauta são a concessão automática de passaporte
diplomático a todos os membros do Serviço Exterior Brasileiro, que não
contempla os assistentes de chancelaria; além de regras para os plantões
consular, diplomático e dos setores de comunicações dos postos no
exterior, que hoje não têm regime de compensação de horas para quem
realiza os plantões.
“Irregularidades no pagamento como atrasos de um ou dois meses já
aconteceram antes, mas de agosto de 2014 para cá tivemos atrasos de três
ou quatro meses”, conta. Segundo ela para manter o aluguel em dia, foi
preciso recorrer às reservas, empréstimos e cartões de créditos.
"Vivemos no vermelho e não podemos planejar nada", acrescenta ela, que é
casada e tem um filho. Filiada ao Sindicato, Ivana defende que seja
firmado acordo escrito pelo Itamaraty com o compromisso de regularização
do pagamento do auxílio-moradia no exterior.
O Itamaraty reconhece as dificuldades para cumprir o compromisso. Em um
ofício enviado pelo ministério ao sindicato no dia 16 de abril, o
Itamaraty afirmou se solidarizar com o pleito da regularização e
pagamento dos auxílios atrasados, e informou estar empenhado na obtenção
da verba para o repasse. Segundo o ofício, o saldo destinado para este
tipo de despesa é insuficiente.
O impacto do atraso afeta todos os servidores e é mais grave em cidades
com alto custo de vida. Osvaldo Nascimento é casado com uma oficial de
Chancelaria e vive em Camberra. Eles têm três filhos de 17 anos, 14 anos
e 12 anos. Ele disse à Agência Brasil que a família já usou todas as
economias que tinha por causa do pagamento atrasado e o que ajuda a
minimizar é o fato de que ele pode trabalhar.
“Mas trabalho pelo dinheiro e estou fora da minha carreira", pondera.
"O visto de trabalho que tenho é limitado e aqui trabalho carregando
malas em um hotel e como lavador de pratos”, diz Osvaldo que, no Brasil,
era professor universitário de português em Brasília. A família vive
fora há oito anos. O primeiro posto foi em Tóquio e agora em Camberra.
Com relação à reivindicação salarial, o Sinditamaraty informa que, em
2008, os diplomatas tiveram reajuste salarial, mas os assistentes e
oficiais de chancelaria não receberam aumento.

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